sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

STEREOLAB / YO LA TENGO SPLIT 7"




Existe alguma coisa no infinito (céu) que nos reduz, porém de uma maneira que não aterroriza.

Quando digo que essa pormenorização do "ser" não oprime tanto o indivíduo, afirmo apenas por experiência própria. 

Primeiramente, o céu tem sua estrutura formada por um toque bem caseiro: você morre, segundo os cristãos, vai para um tipo de céu (ou para um majestosa alegoria chamada de Inferno - Quando eu era criança, acabava por imaginar que o inferno era o céu de cabeça para baixo com uma fogueira gigante, por tanto, o inferno não deixa de valer como um céu adulterado pela imaginação). Seus familiares, também, seus amigos... É como se nossa cota de terra expirasse. Basta você sentir entre os dedos os grãos e o calcário, para em seguida, ter que sentir um sopro sem resposta. Seus pés se elevam contra sua vontade na maioria dos casos... É como se, após termos surgido da água, ficássemos como um bando de desavisados no flanco da mãe Gaia, sem saber realmente o que interessa para nós, (dês) esperando pela intervenção inevitável (a morte) para arrebatar e nos alçar ao nível (considerado por muitos) superior.

Um nível desconhecido ou o Nada. Não sabemos se é bom ou ruim. A partir do momento que você nasce, você está intimado a prestar contas de algo em um endereço desconhecido para você, e que também permanecerá em sua forma imutável de desconhecimento pleno enquanto você viver.

Prosseguindo, essa estrutura caseira do firmamento abraça nossas idéias e conforta nossos devaneios no seu manto aguado de um espaço imaculado e repleto de astros e mistérios.

As formas indomáveis, os arabescos variados, tão repletos de uma independência atemporal, flanam sob nossas cabeças como se nada fosse digno de interesse. O simples exercício que te impulsiona a inclinar a cabeça, mirando a vista em direção ao infinito, já denota claramente os contornos de uma gravura chamada "pequenez". Existem tons dourados, cobre, e um chumbo ameaçador. Além do mais, o céu, por vezes, mostra-se coquete: acumula uma beleza tão extraordinária em si, chama a atenção de tal maneira, para depois fugir, esgueirar-se para dentro de si mesmo... Uma obra-prima se desfaz a cada segundo no firmamento.

Tenho acompanhado, dia sim, dia não, o amanhecer solitário e silencioso. Sentindo o volume de sua força natural, exatamente quando meu estado de contemplação é atingido pelas nuances daquele espraiamento melindroso. Uma diferença que me fere é que essa paisagem aguada me atinge de maneira neutra e acolhedora, diferenciando-se do mar onde a reflexão e o medo são inevitáveis no meu caso. O desconhecido te aquebranta com seu olho secular, com sua ordem sem tempo, de quem tudo viu e que permanece em vigília velando os passos do natural.

Eu poderia tatear o azul aguado, e embaralhar as nuvens... Embaralhar como cartas meus problemas comuns... Incomodado nesse instante por uma dor aguda no peito... Como se o céu de Belém me ferisse, mostrando em meu íntimo tudo de tão ínfimo e ordinário que possa existir. Um momento em que a certeza apunhala todos os meus predicados: você jamais poderá macular o azul. Seus passos estão gravados pela DPI, e você não se da conta... Flashbacks te assaltam em profusão e as árvores tem todo o direito de furtar CO². Soluções para nossos problemas existem...

Reviro o que está ao meu redor, estacando diante de uma máxima popular. Novamente volto a refletir: meu inferno não está categorizado pelos miasmas mundiais, nem pelo ciclo obtuso, no qual a natureza se vê obrigada a seguir, mas, sim, pela distância que me encontro desse estado puro... Que cobriu meu passado, parece ignorar meu presente, e agasalhará meu futuro.

Como trilha segue o Split com YLT & Stereolab.




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# Stereolab / Yo La Tengo Split 7" 

A - Yo La Tengo - Evanescent Psychic Pez Drop
B - Stereolab - The Long Hair Of Death

DL










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