Certo dia uma febre misteriosa brincava em mim como uma criança envolta em sua distração curiosa. Surgiu de maneira repentina... Sequer sugeriu uma aproximação ou coisa do tipo. Abruptamente emergiu, denunciada pelo calafrio e a quentura características. Estirei-me na cama, possivelmente, acabrunhado pela elegância do papiro que se desenrolou à minha frente: o papel da defesa orgânica.
Andréa tem uma mania peculiar de pensar e externar seu padrão de linguagem comum em demasia. Ela te assalta com um pensamento particular, como se você já estivesse acompanhando o nascimento e desenvolvimento do mesmo em sua mente. Atribuindo ao seu interlocutor um caráter de peça atuante do seu quadro estrutural de modelagem do mundo. Uma característica extremamente bela e caseira (caseira no sentido do corpo como a casa das particularidades fisiológicas e anímicas).
No momento descrito por mim, estávamos de molho na indolência silenciosa do quarto. O clima oscilava, amparado pela penumbra acinzentada. Eu namorava minha febre que ainda permanecia em sua primeira infância, quando Andréa introduziu, como um carapanã sem informar sobre sua passagem através do leito, um tema de majestosa abrangência: a imaginação.
Palestrou a respeito de um texto que havia lido e me sugeriu como febrífugo "a necessidade que temos de resgatar a imaginação pura através do convívio com as crianças". A imaginação pura... A verdade que condena através das mãos coloridas da criação... Como a arte pura... A mesma imaginação rechaçada pelos mais velhos, os mais inteligentes, aquela que apunhala de dentro para fora todos seus algozes.
Permaneci suave, entre o travesseiro e o lençol... Pensei nas pessoas inteligentes, contudo, uma enorme tarja preta censurou todos os meus abençoados. Imaginei um belo quarto e sua cálida atmosfera prazenteira, uma Pasárgada entre quatro paredes... Carolina brincando despreocupada... Sophia sorrindo para alguma estrela... Andréa cuidando de alguma coisa que era apenas sua... Rabisquei em minha imaginação a casa materna, minhas brincadeiras, meu longo sorriso para alguma estrela...
A questão da imaginação? Descansou em seu princípio, que continha a eternidade de um olhar que questionava o fantástico. Evoluindo, como a natureza em meus devaneios, em meu horror diante de uma suposta ausência de minhas condições a respeito do verdadeiro conhecimento no presente... O verdadeiro caminho que alça o ser as camadas que tem como seu princípio... Um fim... Enfim... A imaginação é um vale de verdades disfarçadas...
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Como tema musical para a imaginação vou sugerir Sweet Insanity (lançado oficialmente nos EUA em 1991 Sire/Brains & Genius) do Gênio Brian Wilson. Gerido sob a tutela do polêmico psicólogo Eugene Landy, e seu método de tratamento, não convencional, denominado "24 horas de terapia"... Rejeitado pela major... Uma versão promo rara com 13 faixas lançadas em cassete, concebida para servir como acompanhamento para sua estréia solo em 12 de julho de 1988 Brian Wilson. A versão original de Spirit Of Rock And Roll com Bob Dylan está incluída, na verdade Bob, foi apenas um, do vasto número de convidados que contribuíram para as sessões: Jeff Lynne, Tom Petty, Don Was, Paula Abdul, Belinda Carlisle, Glen Campbell, John Lodge, 'Wierd Al' Yankovic... Etc...
Brian Wilson - Sweet Insanity (1991) Sire/Brain & Genius
01 Intro (Concert Tonight)
02 Someone To Love
03 Water Builds Up
04 Don't Let Her Know (She's An Angel)
05 Do You Have Any Regrets
06 Brian
07 The Spirit Of Rock & Roll (with Bob Dylan)
08 Rainbow Eyes
09 Love Ya
10 Make A Wish
11 Smart Girls
12 Country Feelin' (bonus track)
13 Hotter (single b-side)
...
Rapaz, ainda estou tentando encontrar palavras para comentar! Tentando fazer relação com coisas que já li, músicas que já escutei....
ResponderExcluirParebéns pelo texto e pelo post que possui relação estreita com o escrito.
Abraços!
Muito Obrigado! Agradeço a visita e as palavras que me deixam lisonjeado! Valeu mesmo anonimo abraçss =)
Excluirps: visite sempre o blog! =)